Novo negócio nasce na Alemanha
Manifestantes profissionais
A causa pouco importa. Na Alemanha há quem faça da reivindicação uma actividade laboral que até pode ser lucrativa.Manifestantes profissionais
Na Alemanha, o trabalho temporário expandiu a sua actuação para um novo nicho de mercado: as manifestações. A Erento, uma empresa alemã, descobriu as potencialidades da reivindicação enquanto negócio e está, calcule-se, a alugar manifestantes. A empresa garante que esta é uma actividade com potencial de expansão. Tanto quanto o descontentamento popular.
Por 30 euros por pessoa, é possível a uma qualquer organização recrutar manifestantes para ajudar a compor visualmente o seu movimento reivindicativo. Não é necessário que o manifestante contratado seja a favor da causa. O importante é que marque presença e que contribua para o número final. Desses 30 euros, a Erento retira uma comissão de 4,9% pela prestação do serviço.
Por cá a moda ainda não pegou, mas na Alemanha a Caixa Federal dos Médicos Alemães já recorreu aos serviços da Erento para uma manifestação de 170 pessoas, em Berlim, contra os projectos de reforma da saúde pública do Governo.
A partir do sítio da Erento (www.erento.com) é possível recrutar vários profissionais temporários, entre os quais manifestantes. A empresa tem disponível uma base de dados de cerca de 300 manifestantes profissionais, com biografias e fotos. Estes profissionais da reivindicação são sobretudo estudantes e reformados.
O representante da Erento, Till Bonow, esclarece que “é possível alugar manifestantes para todo o tipo de causas e por todo o tipo de organizações, incluindo os partidos de extrema-direita”. O líder da empresa argumenta que “cabe aos candidatos decidirem se querem aceitar o trabalho ou não” e avança que “não compete à empresa avaliar moralmente as manifestações. Somos apenas o portal intermediário”.
Para Till Bonow, o negócio “vai de vento em popa, com 50 solicitações para a cedência de manifestantes só na primeira semana de Janeiro”, mas está longe de merecer a aprovação dos constitucionalistas. Para eles, o negócio está “nos limites da decência”. Entre os juristas paira a opinião de que “o direito de reunião e manifestação não deve tornar-se uma questão financeira e a actividade da empresa viola este princípio”.
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