
"Se em tempos as manifestações estudantis eram marcadas por confrontos com as autoridades, hoje a polícia interveio no protesto dos alunos do secundário em Lisboa, mas apenas para garantir que a pastelaria da zona vendia cerveja aos estudantes.
Cerca de cem alunos do ensino secundário protestaram frente ao Ministério da Educação (ME) contra as aulas de substituição, numa manifestação vigiada de perto por duas dezenas de agentes da PSP e duas carrinhas do corpo de intervenção, que se limitaram a assistir à iniciativa.
Sem quaisquer confrontos, nada haveria a registar da actuação das autoridades se um grupo de cinco alunos não tivesse recorrido aos agentes para fazer cumprir a lei numa pastelaria próxima do ME, que se recusou a vender-lhes cervejas apesar de terem mais de 16 anos.
"Viemos falar com os agentes das autoridades porque sabemos que é ilegal recusarem-se a vender-nos imperiais. Já temos idade e não estamos embriagados.
Temos direito a beber", explicou à agência Lusa André Mendonça, de 17 anos, aluno da escola secundária de Miraflores, que hoje marcou presença no protesto.
Perante a queixa, a polícia aconselhou os estudantes a regressarem ao café e apresentarem os respectivos bilhetes de identidade para comprovar que a sua idade os habilitava legalmente a beber, mas o argumento não foi suficiente para convencer o empregado da pastelaria, atarefado com o início dos almoços, cerca das 12:30.
Para resolver a situação, que começava a exaltar o ânimo do grupo de alunos, um agente da PSP teve mesmo de dirigir-se ao estabelecimento, explicando ao dono que, de acordo com a lei, nada impedia os estudantes de "matar a sede" com uma cerveja.
Ainda assim, o responsável da pastelaria disse só aceitar servir as tão ansiadas imperiais se o agente permanecesse junto dos alunos enquanto as bebiam , o que acabou por acontecer.
"Pronto, bebam lá, mas sem desacatos", recomendou o polícia, que teve ainda de chamar a atenção dos empregados, por estes não terem dado aos estudantes o livro de reclamações que tinham solicitado anteriormente.
No entanto, o grupo da secundária de Miraflores acabou por desistir da reclamação escrita, alegando que não queria criar problemas ao dono do café, que "em 51 anos de profissão nunca tinha tido uma queixa".
"Não apresentamos queixa. Só queríamos mesmo garantir que nunca mais faltam ao respeito a jovens como nós, recusando-se a servir-nos imperiais como a qualquer outro cliente", afirmou André Gomes, também da secundária de Miraflores, ao dono do estabelecimento.
O caso resolveu-se e não ficará, certamente, para a história das manifestações estudantis, mas para os alunos ajudou a mudar a imagem da PSP: "A polícia foi impecável", afirmaram.
"Tanta coisa para isto. Tudo acabou em bem", concluiu o agente."
Ora digam lá se este episódio não espelha bem este nosso Portugal. Mas em que outro país, pergunto eu, um agente da autoridade OBRIGA a um estabelecimento comercial a servir ÁLCOOL a um jovem rapaz de 17 anos, advertindo-o ainda por este não ter dado aos estudantes o livro de reclamações! Lei é Lei, e em Portugal a lei é para CUMPRIR!
Para compor este lindo ramalhete, só faltava mesmo o senhor agente (que tenho um pressentimento que se devia chamar Saraiva) acompanhar os jovens estudantes e pedir ao balcão um fino, ou até quem sabe, um belo dum whiskyzinho. Até parece que o estou a ver gritar para o balcão, após a 6ª bebida - "Pessoal, a próxima rodada pago EU!!"
E depois ainda há quem queira que sejamos anexados a Espanha...
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