Eram aproximadamente 18:40 de um dia destes que passou, quando chego à minha área de residência actual; um local calmo, sossegado e insuspeito da cidade de Viseu. Pelo menos assim o pensava até agora. Tinha marcado hora para cortar o cabelo, algo que é estritamente necessário nestas bandas, apesar de existirem uns 3 cabeleireiros só aqui nas imediações. Adiante. Mal me sento para a cabeleireira me começar a cortar o dito cabelo, dou-me conta de um burburinho gerado por uma colega que entrou esbaforida, a relatar uma grande confusão ocorrida numa pastelaria local. Não ouvi toda conversa, confesso que também não me aguçou muito o ouvido.
Cabelo cortado, desloco-me a uma pequena mercearia do bairro para fazer umas compras rápidas. Estou eu a aviar manteiga, maçãs e pasta de dentes, quando entra um homem que de imediato interpela a jovem rapariga da mercearia:
- “Então já sabe o que aconteceu agora mesmo ali na pastelaria? Parece que um casal de jovens, ao subir a rua foi abordado por dois indivíduos, um preto e um branco, que tentaram roubar a pasta ao rapaz.”
- “A sério, que horror! Então e safaram-se?”
- “Pois, parece que o rapaz resistiu ao assalto, a rapariga desatou aos berros e logo surgiu um monte de gente ao local. Os dois ladrões vendo-se em menor número fugiram, não sem antes espetarem uma carga de porrada ao pobre do rapaz. Diz que dispararam mesmo ainda uns dois tiros para o ar! Entretanto já aí veio a polícia e o INEM. O desgraçado do rapaz foi mesmo parar ao hospital.”
-“Não me diga! Ao que isto chegou!”
Derramou ainda uns quantos lugares comuns que se usam nestas ocasiões (“qualquer dia já não se pode andar na rua”, “isto parece o far-west”, etc...), até que entrou na mercearia uma outra moça, também desconhecedora dos recentes eventos. Logo a senhora da mercearia tratou de a por ao corrente:
- Já sabe o que aconteceu? Estava aqui este senhor a contar que houve aí uma grande confusão. Parece que andou aí um preto aos tiros!
Não pude deixar de me rir, ao imaginar as voltas e distorções que esta história ainda não deve ter dado naquele mesmo dia…
Não é da vocação d’A Vaidade dar lições de Moral (e muito menos de religião), por isso vou-me abster de fazer qualquer comentário adicional. Deixo isso para os leitores.
Para bom entendedor...
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